O termo
colimação é bem comum aos usuários de telescópios refletores, pois, além destes
instrumentos serem bem populares, as suas propriedades mecânicas, em geral,
suportam por menos tempo a colimação fazendo desta uma tarefa de rotina na vida
do usuário deste tipo de telescópio. Contudo o ato de colimar o telescópio
também deve ser observado pelos usuários de telescópios refratores, algo muito
negligenciado pela maioria deles.
Mas o
que é a colimação? O ato de colimar o telescópio nada mais é do que alinhar os
elementos óticos com o eixo principal do aparelho. Um instrumento bem colimado
é capaz de fornecer imagens com muito mais qualidade e livre de várias aberrações.
Nos refletores encontramos ajustes na célula do espelho primário e no suporte
do espelho secundário; já nos refratores estes ajustes podem vir somente na
célula da objetiva, no focalizador ou em ambos. Os modelos mais simples possuem
nenhum tipo de ajuste.
O anel #1 é fixado ao tubo e o #2 contém a objetiva; o parafuso com a mola recebe os ajustes duplos (puxa e empurra). |
Hoje
veremos como colimar o famoso refrator apocromático Orion ED80, pois
aparentemente ele possui nenhum sistema que nos permita colimá-lo. Note que
este equipamento não pertence à classe high
end de telescópios e, apesar
da boa qualidade ótica, é um pouco deficiente na parte mecânica, como exemplo
cito a fragilidade do focalizador e a ausência de uma célula colimável para a
objetiva.
Colimadora cheshire |
Objetiva tampada |
A colimação será realizada através do focalizador porque a objetiva deste telescópio não permite qualquer tipo de ajuste, note que o focalizador é fixado ao tubo através de três parafusos de cabeça philips dispostos a 120 graus um do outro. Antes
de começarmos os ajustes, recomendo que verifique a colimação do telescópio
porque refratores são muito bons em preservar a colimação por bastante tempo e
talvez o seu aparelho não esteja precisando de ajustes neste momento.
O
procedimento a ser feito inicia-se tampando a objetiva do tubo com a sua
respectiva tampa, depois introduza a colimadora cheshire no porta-ocular (sem a
diagonal). Note que a cheshire possui em seu corpo uma abertura lateral que
permite a entrada da luz (pode ser luz natural ou artificial), porque esta
colimadora necessita de alguma fonte de luz para ser utilizada (eu uso a luz
solar direcionando a abertura da cheshire em direção ao Sol).
Após
a inserção da colimadora no porta-ocular, observe através do pequeno orifício
na posição da ocular e você verá algo semelhante à imagem abaixo:
Se a
imagem estiver como a figura do lado direito, o seu refrator não precisará de
colimação; se estiver similar a do lado esquerdo, prepare-se para os próximos
passos.
Pegue a
chave philips e afrouxe os três parafusos que fixam o focalizador ao tubo, não
retire os parafusos! Perceba que há uma pequena folga entre o focalizador e o
tubo do OTA, se esta folga é intencional ou não, apenas o fabricante poderá
dizer, mas o importante é que ela nos será útil para colimar o refrator.
Novamente
observe através da cheshire e vá movimentado o focalizador suavemente pelo tubo
até que se consiga um padrão similar àquele observado no lado direito da imagem
anterior. Quando você atingir a posição correta, mantenha o focalizador nela e
aperte os três parafusos de forma a fixar o focalizador nesta posição ou peça
para alguém apertá-los para você enquanto segura.
É uma
tarefa bem simples, mas muito importante para extrair o máximo do equipamento.
Recomendo que verifique periodicamente a colimação do instrumento e, para a
nossa felicidade, os refratores são bem legais no que se refere à manutenção do
alinhamento ótico.
Abração!