segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Toto Mount com Tripé de Madeira


A primeira sessão de astrofotografia com a Toto Mount provou que ela é capaz de realizar astrofotografia de longa exposição, cumprindo bem o objetivo para a qual foi projetada. Entretanto, (como era de se esperar) alguns pequenos ajustes precisariam ser feitos para aprimorar o equipamento (novamente reafirmo aqui a vantagem de se construir o próprio equipamento, pois você pode aprimorá-lo a qualquer momento).

O primeiro a sofrer alterações foi o sistema original de ajuste fino da latitude porque ele se mostrou pouco eficiente, sendo este o principal ponto fraco do projeto, então criei um novo sistema mais compacto e mais preciso que se mostrou muito interessante, inclusive melhor do que o ajuste da HEQ5-PRO.

Outro aprimoramento foi o reforço no suporte dos motores, garantindo maior estabilidade ao sistema, mas ainda assim espero melhorar esta parte da montagem instalando um suporte mais sólido do que o atual.

O uso do pilar de extensão não atingiu o desempenho esperado, elevando a cabeça da equatorial os problemas com vibração, principalmente devido ao vento, ficaram muito mais evidentes. Uma alternativa para contornar este problema é alterar a posição da cabeça da equatorial em relação às pernas do tripé girando ela em 60°, assim o extensor torna-se dispensável e o sistema mais estável.

As peças que sobraram do extensor eu resolvi usá-las para criar um tripé próprio para o Toto Mount, pois estava usando o tripé da HEQ5 com algumas adaptações. Haviam disponíveis também as pernas de madeira provenientes de um tripé com montagem altazimutal que eu havia construído há alguns anos e que agora estavam sem uso. 

Dessa forma, fiz uma pequena restauração nas pernas de madeira e transformei uma parte do extensor na base do tripé:
Perna de madeira a ser restaurada, o elemento vermelho é pau-brasil
e o mais claro é cerejeira.
Parte do extensor que foi cortada e modificada soldando as bases.


Detalhe na pintura das peças que foram utilizadas na reestilização:


Também foram instalados novos pontos de contato com o solo:

Após um certo trabalho, eis o resultado:
Tripé montado.
Montagem sobre o novo tripé.
O projeto agora encontra-se mais elegante e estável; gostei demais do visual e da uniformidade do conjunto. Esperando céus limpos para operá-la com o refletor newtoniano 130mm F/5 e assim avaliar os ganhos advindos com os novos ajustes.


Abraço!

terça-feira, 8 de agosto de 2017

Astrofotografia Amadora - Parte IV (Programas)

Bem, finalizando a nossa série sobre astrofotografia amadora, falaremos um pouco a respeito dos programas de computador (softwares) utilizados nesta atividade. Peço desculpas pela demora na publicação desta quarta etapa porque neste período estive viajando bastante, inclusive participando do X EBA (Décimo Encontro Brasileiro de Astrofotografia).

Atualmente o uso de softwares é imprescindível na astrofotografia amadora. Existem aplicativos para praticamente todas as necessidades e plataformas na área, tais ferramentas facilitam as coisas e permitem infinitas possibilidades ao astrofotógrafo amador. Do planejamento das sessões ao processamento final há sempre um software envolvido.

Simuladores do Céu Noturno

São os aplicativos mais populares na área, mesmo quem nunca observou através de um telescópio já teve contato com esse tipo de aplicativo. Eles conseguem reproduzir a posição dos astros no céu noturno em qualquer localidade do planeta, indicando onde e como encontrá-los facilmente, inclusive simulando magnitudes e campos de visão. Alguns possibilitam até mesmo o controle goto de montagens motorizadas. Dentre eles temos: Stellarium, Cartes du Ciel, Starry Night, Sky Safari, SkyTechX etc. Esses programas são excelentes ferramentas para ajudar a programar a sessão de captura.

Programas de Captura de Imagens

Nesta sessão temos diversas alternativas que podem variar conforme o equipamento usado. Além disso, boa parte das melhores opções são programas que necessitam de licença, ou seja, o usuário precisa investir ($$) num bom software. Nesta categoria temos: 
  • EOSUtility: programa nativo das DSLR Canon, serve para realizar capturas via cabo USB;
  • BackyardEOS: programa voltado à astrofotografia com DSLR, custo bem acessível; 
  • MaxImDL: programa de captura bem completo, um dos mais antigos na área, ideal para câmeras dedicadas (um dos melhores e mais caros também!); 
  • APT (AstroPhotography Tools): programa de captura bem completo, serve tanto para DSLR quanto dedicadas, realiza inúmeras ações (um dos melhores!); 
  • SGP (Sequence Generator Pro): programa de captura bem completo, ótimo para produzir mosaicos;
  • PHD (Push Here Dummy):  programa auxiliar para fazer auto-guiagem, é o mais fácil de usar e o mais popular nesta tarefa.


Programas de Processamento de Imagens

Aqui temos a categoria de aplicações responsáveis em transformar os dados brutos coletados em informações científicas e nas belas astrofotografias que vemos estampadas na internet e nos livros. Da mesma forma que na anterior, as melhores opções geralmente são pagas, mas existem ótimas aplicações gratuitas: 
  • DSS (Deep Sky Stacker): faz o empilhamento dos frames individuais gerando uma imagem de alta qualidade, serve tanto para DSLR quanto para câmeras dedicadas (gratuito);
  • PixInsight: um dos mais poderosos programas de processamento de imagens, desenvolvido para astrofotografia, serve tanto para empilhamento, calibração e processamento final (custo moderado);
  • Adobe Photoshop: famoso programa de edição fotográfica e excelente ferramenta para editar astrofotos (custo moderado);
  • StarTools: programa para edição final de imagens (custo acessível);
  • Fitswork: programa para edição final de imagens, capaz de compor imagens com diferentes canais de cor (gratuito).

Outros Programas
  • Planetárias: considerando que se trata de uma técnica completamente diferente da usada para aquisição de fotos de céu profundo, faz-se necessário uma categoria diferente de programas também. Os mais comuns são: FireCapture e SharpCap;
  • Processamento planetário: aqui também a técnica de empilhamento é diferente da usada para imagens de céu profundo, resumidamente dizendo: em céu profundo empilhamos algumas dezenas de fotos, enquanto que em imagens planetárias empilhamos centenas de frames obtidos através da filmagem dos astros do sistema solar. Nesta categoria destacam-se: Registax e AutoStakkert! (AS!);
  • Plataforma ASCOM: se você gosta de astrofotografia, uma hora ou outra você vai se deparar com a plataforma ASCOM. É uma arquitetura destinada a promover a comunicação entre diferentes programas e os equipamentos de astronomia, trata-se de uma linguagem “universal” nesta área a qual permite que vários dos programas aqui listados se comuniquem com câmeras, montagens, rodas de filtros, focalizadores, cúpulas e tudo mais;
  • Automação: montagens comerciais podem usufruir de uma importante ferramenta que permite que elas sejam operadas diretamente pelo computador, sem necessitar de um handpad, além de aumentar os recursos disponíveis. Esta ferramenta é o pacote EQMod. 

Conclusão 

Aqui foram listadas apenas as aplicações de uso mais comum, ainda existem inúmeras outras para as mais diversas áreas, como programas que inspecionam aberrações na ótica, que fazem análises estatísticas, que identificam a região fotografada (plate solver), que compõem mosaicos, que controlam montagens, etc etc.


Enfim, o uso do computador (com os programas adequados) é imprescindível para se atingir bons resultados nesta maravilhosa arte de fotografar o Universo.

Abraço!