sexta-feira, 14 de setembro de 2018

Equipamentos: Como Comprar um Telescópio Usado - Parte 2


Em continuidade ao artigo anterior, abordaremos nesta etapa mais três fatores que devem ser analisados no momento da compra de um equipamento astronômico usado.

Tempo de uso

Ao contrário do que muitos pensam, com exceção das câmeras, todos os demais equipamentos astronômicos possuem vida útil prolongada. Telescópios bem conservados podem ser usados por décadas, tudo depende exclusivamente do zelo do proprietário anterior, portanto, a procedência é mais importante do que a idade do equipamento.

Preço

Geralmente fazemos um paralelo do preço do equipamento novo com o valor ofertado no usado, porém existem diversos fatores que complicam essa questão. Praticamente todos os produtos astronômicos são importados e por isso cotados em dólar, considerando a volatilidade do câmbio, o preço de um equipamento pode se diferenciar muito num determinado prazo. Infelizmente, nos últimos anos, vi surgir no Brasil uma prática muito desleal da parte de algumas pessoas que consiste em comprar equipamentos usados por valores baixos e depois revendê-los aplicando uma considerável margem de lucro, esta atividade inflacionou o mercado de usados e desconfigurou o mercado. O negócio de usados era a chance de quem estava com pouco dinheiro comprar equipamentos de qualidade a preços acessíveis mas, com a entrada dos "atravessadores", o preço de um usado se equiparou ou superou o valor do equipamento novo dificultando o acesso do público-alvo ao telescópio usado. Além disso, a escassez na oferta de equipamentos novos no Brasil aumentou a procura por equipamentos usados e isto também contribuiu significativamente para o aumento de preços. Uma dica neste caso é sempre consultar o valor do equipamento novo (em dólares), somar o valor do frete, aplicar a soma dos impostos (imposto de importação - 60%, IOF - 6,38% e o ICMS conforme a alíquota estadual) lembrando que os impostos são aplicados sobre o valor do produto mais o valor do frete. O ideal é que o preço do usado fique abaixo do valor obtido na consulta do novo.

Cosmética

Acredito que este seja o primeiro aspecto que um futuro comprador observa no equipamento e, não por menos, o deixei por último neste artigo propositalmente. Explico. Defeitos cosméticos sempre nos incomodam, manchas e arranhões na pintura tiram a beleza de um telescópio, contudo este aspecto pode conduzir a falsas conclusões. Um telescópio com o tubo arranhado e manchado, mas com a ótica limpa e ilesa ainda será um bom telescópio; já o contrário não se aplica neste caso. Ou seja, um equipamento esteticamente atraente mas com a ótica repleta de fungos e/ou riscos é um equipamento praticamente perdido. Não é regra, mas em geral usuários zelosos mantêm tanto a ótica quanto a estética bem conservadas, mas há diversos casos de telescópios com óticas impecáveis em tubos arranhados e/ou amassados. Portanto não se engane pela cosmética do instrumento, se importe com o que realmente é necessário, isto é, a ÓTICA!

Conclusão


O objetivo deste artigo é orientar e compartilhar experiências. Um equipamento danificado dificilmente pode ser reparado no Brasil, há poucas pessoas capacitadas para isso e, mesmo quando tem, a logística para enviar esse tipo de equipamento quase sempre é proibitiva devido ao custo e ao risco no transporte. Além disso, adicione também a dificuldade na aquisição de peças de reposição.

Espero que o artigo tenha sido útil não apenas para orientar acerca da aquisição de um equipamento usado, mas também para orientar quanto à conservação dos equipamentos já comprados. Afinal, talvez você resolva vendê-los um dia!

Abraços e até a próxima!

Um comentário:

  1. Eu tenho acompanhado seus artigos e sempre são bastante uteis, pelo menos pra mim que estou começando. Quanto a intenção deste artigo, reforço a sua proposta pois a gente tem vivido tal realidade quando a intenção é melhorar o equipamento.

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